quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quaresma - O Caminho para a Páscoa

O Tempo da Quaresma é um período de oração, jejum e auto-avaliação, quando os cristãos se preparam para a celebração da ressurreição do Senhor na Páscoa.

Um Pouco de História


Essa prática de preparação para a Páscoa surgiu na Igreja Primitiva, quando os cristãos jejuavam e oravam durante os três dias que precediam a festa, preparando-se para recebê-la. Alguns séculos depois, a igreja aumentou esse período de oração para 40 dias, como uma forma de preparar os novos convertidos para o batismo. Durante esses 40 dias os Domingos são excluídos, pois cada Dia do Senhor é uma "mini-páscoa", celebrando a vitória de Jesus sobre a morte e o pecado. Hoje a Quaresma é tempo de nos concentrarmos em nosso relacionamento com Deus, buscando intimidade e conversão de nossos pecados.


Vale ressaltar que a Reforma Protestante não aboliu a Quaresma, no entanto houve uma desmistificação quanto as crendices e regras ligadas a essa época, pois de nada adiante receber as cinzas na testa se não houver cinzas no coração daquele que recebe. Assim como de nada adianta renunciar a carne por imposição, sem relacionar-se com Deus através da oração. Dessa forma o que a Reforma fez foi tornar as práticas dessa época mais pessoais, deixando os cristãos decidirem por comer ou não comer, por exemplo. É claro que o episódio do churrasco de salsichas de Zwinglio em Zurique durante o primeiro Domingo da Quaresma nos dão a impressão de que os reformados aboliram a prática, mas os anos trouxeram aos reformados maturidade suficiente para discernir o que é benéfico a Igreja e o que é "romanista". 

Em nossos dias onde o significado da Páscoa foi descaracterizado pelo consumismo, vemos a necessidade de resgatar esse hábito que nos leva a melhor compreensão da Páscoa em nossas vidas. Todos esses anos de Reforma já nos deram uma consciência que o nosso protesto era contra o que estava errado dentro da Igreja e não contra as coisas corretas, que no início da Reforma foram tidas como muito "romanas" mas que hoje temos a maturidade para reconhecer seus benefícios, como por exemplo os órgãos que foram abolidos por estarem ligados a celebração da Missa, e que hoje embelezam o louvor das igrejas que os possuem. Bem assim é com a Quaresma, que em nossos tempos de relatividade busca levar o cristão a um conhecimento profundo do acontecimento mais importante de nossas vidas.

Os 40 dias


Esse período de 40 dias é simbólico não apenas pelo jejum de Cristo no deserto, mas também pelos dias do Dilúvio, pela estada de Moisés no monte Sinai, a viagem de Elias para o monte Horeb e o apelo de Jonas ao arrependimento em Nínive. Situações em que vemos a oração, o jejum e a reflexão presentes, simbolizando um momento de intimidade e conversão a Deus. 



A Mensagem da Quaresma

Durante a Quaresma vemos que o caminho para a cruz, a vera Páscoa, é através da morte, para então nos apropriarmos da vida que vem depois dela. Na Quaresma somos lembrados que devemos morrer com Cristo para com ele vivermos, como disse o apóstolo Paulo em I Co 15.31. A lição que a Quaresma nos passa é que ao morrermos a cada dia, passamos a viver. A morte para o pecado traz vida com Jesus. Cada liturgia da Quaresma tenta nos desligar das coisas que nos dão certa segurança nessa vida, como nossos bens, nossa família, nossa casa, nossos projetos e mesmo nossas vidas; desde o início da Quaresma somos lembrados que somos pó e ao pó voltaremos (Gênesis 3.19). Esse desligamento das coisas desse mundo nos leva a depender somente de Cristo, mergulhando nas águas batismais, lugar de nossa morte para o mundo e ventre de nossa vida para com Cristo. O caminho proposto na Quaresma é o que nos leva a ressurreição de Jesus, que está a nossa frente, nos atraindo para o arrependimento que nos leva à cruz e o túmulo, lugar este que não devemos temer, pois já morremos em Cristo no batismo, recebendo agora vida nova, aperfeiçoada a cada dia pelo relacionamento com Deus, que a Quaresma pretende intensificar e nos fazer ir além, diretamente para a Páscoa de Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário