terça-feira, 1 de outubro de 2013

01 de Outubro - Dia do Idoso, dia da melhor idade!


Hoje é o dia do idoso, data reconhecida civilmente e eclesialmente, integrando o calendário oficial da IPB.
Feliz é aquele que o Senhor permite chegar a essa idade, hoje em dia chamada  "Melhor Idade", pois mesmo sem o vigor dos dias da juventude, muita gente não se troca pelos jovens de hoje, costumam dizer! (risos). Mas qual será o motivo dessa afirmação?

Bem, talvez eu não seja a pessoa mais indicada para dar essa resposta, pois ainda me encontro no vigor da tenra juventude (risos), mas a resposta deve estar relacionada a tudo o que se aprendeu durante essa jornada, acredito que o velho Salomão autor do Eclesiastes nos ensine isso, assim como a formosa Sara, sendo mãe aos cem anos e o justo Abraão experimentando as benção de Deus na melhor idade.

Chegar à Melhor Idade com esta mentalidade só é possível se tivermos o Senhor para nos mostrar que cada manhã é mais uma bênção a nós concedida, que cada experiência vivida foi mais uma fonte de perseverança e crescimento, e que a maturidade adquirida ao longo do caminho compensa a perda do vigor dos primeiros dias. Que Deus abençoe a todos os idosos, que eles continuem tendo voz em nossas igrejas e que os jovens sempre tenham ouvidos prontos para ouvir sua sabedoria que nos inspira prudência.

Feliz Dia do Idoso, o dono da Melhor Idade!

Por que substituir o vinho da Ceia do Senhor?

Todos os créditos ao autor da imagem
Nas últimas semanas me deparei com a questão do suco de uva e do vinho na Ceia do Senhor, não apenas com ela, mas com a questão do cristão e o álcool, abstinência, moderação e proibição, etc. O posicionamento “não importa é simbólico”, apareceu e foi o veredicto de uma das discussões. Mas será que é isso mesmo? Se esse for o veredicto não me dou por satisfeito, pois isso nada mais é do que o relativismo que tanto combatemos dentro de nossa própria fé!

Outro argumento que surgiu foi o de “evitar que os irmãos que tiveram problemas com o alcoolismo tenham uma recaída”. Talvez esse argumento seja mais plausível do que o primeiro, no entanto ele parece não considerar o poder regenerador do Evangelho de Jesus, ou o poder da oração, além do fruto do Espírito chamado domínio próprio. Ao substituir o vinho pelo suco por este motivo, parece que a velha criatura e o pecado são mais fortes do que o poder do Espírito Santo. Acredito que o que devemos pregar é a busca constante dos frutos espirituais, pois já somos libertos em Cristo Jesus, não mais escravos dos pecados e vícios. Para solucionar esse problema creio que poderíamos adotar o suco apenas para quem pode ter uma recaída por estar num processo de desintoxicação, como fazem nos EUA, onde há até pão sem glúten para que tenha problema com isso.

Aí me vem à mente: será que Jesus não sabia que o vinho era alcoólico quando o escolheu para celebrar a Ceia? E a resposta é mais do que óbvia, é claro que sim. Mesmo aqueles que insistem na ladainha que diz que o vinho daquela época não possuía álcool, devem ater-se ao fato de que se a Bíblia o chama de vinho é porque já havia acontecido a fermentação, seja a porcentagem baixa ou alta, já possuía álcool em sua composição, não é à toa que os crentes em Corinto estavam se embriagando. Ao retirar o vinho da Ceia porque ele é alcoólico me faz pensar que entramos no grupo que costuma demonizar as coisas boas que Deus criou. O vinho é uma bênção para o homem, no entanto o impacto da queda surtiu efeito nele também, assim o homem o utiliza para embriagar-se e não para aproveitar essa delícia da criação, pois embora não se tire o vinho da uva sem que haja fermentação, foi Deus pela sua graça comum que permitiu ao homem desenvolver esse processo. A Bíblia de modo algum demoniza o vinho, mas a embriaguez sim! É claro que apenas chega-se à embriaguez quando se toma a bebida, mas seria a proibição o melhor caminho? E creio mais uma vez que não. Há dois caminhos para o cristão, o da abstinência e o da moderação, nunca o da proibição, pois tudo nos é licito, no entanto nem tudo nos convém é o que diz a Palavra. Quem opta pela moderação deve ter consciência de que quer coma, quer beba estará fazendo para a glória de Deus, caso contrário é melhor não fazê-lo. Aquele que opta pela abstinência deve levar em consideração que esta é uma opção sua e não condenar o que escolheu o caminho da moderação, pois para seguir este caminho, o da moderação, é necessário muito domínio próprio e sabedoria, se de fato quer glorificar a Deus com tudo o que faz. Mas voltando ao início do parágrafo, Jesus sabia que o vinho tem um teor alcoólico, seja ele qual for, por que então o escolheu para seu sacramento perpétuo até a consumação dos séculos? Não podemos querer ser melhores do que Cristo, se ele escolheu o vinho era porque este representava, (agora sim estamos falando de simbolismo) muito bem a pureza de seu sangue, a alegria que só Cristo pode dar e o valor único do nosso Senhor, pois o vinho era a bebida mais apreciada da época, o que o suco de uva não representa, mas numa sociedade evangélica que perdeu esse referencial, a “demonização” e a proibição parecem mais óbvias. Precisamos nos recordar de nossa liberdade em Cristo, da nossa consciência, que é a Palavra de Deus, e dos frutos do Espírito Santo que nascem em nós quando nos relacionamos com ele. E lembrar, que embora a Ceia seja simbólica, o próprio Jesus que a instituiu, por obra do Espírito Santo, está presente ali. Sejamos sábios e coerentes!

*(Este é um texto reflexivo e não representa nem um consenso no meio cristão ou expressa a concordância dos membros desta Congregação acerca do assunto)


William de Almeida Santos.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A QUESTÃO LITÚRGICA DA IPB


São Paulo, 01 de Agosto de 2013.

Preparando uma apresentação sobre os 154 anos da Igreja Presbiteriana Brasil, deparei-me com a seguinte frase na pág. 23 da Bíblia Sagrada – Edição Histórica, lançada na comemoração do sesquicentenário da IPB, na seção que conta sobre os anos recentes da igreja:

“A igreja sofre o impacto de novos movimentos que têm afetado o protestantismo brasileiro, especialmente nas áreas doutrinária e litúrgica. Muitos pastores e comunidades se sentem atraídos por conceitos e práticas alheios à tradição reformada”.

Então percebi que o problema que enfrentávamos em minha Congregação na equipe de louvor era muito mais profundo do que “tradicionalismo” ou “modernismo”, nosso problema era litúrgico-doutrinário. E este problema não era apenas nosso, mas um desafio presente em toda a Igreja Presbiteriana do Brasil na atualidade. Em minha opinião, a questão litúrgica da IPB vai muito além do que já foi abordado na “Carta Pastoral e Teológica sobre Liturgia da IPB”, que desenvolveu o assunto em questão (palmas, aplausos, danças litúrgicas e coreografia, teatro, participação de corais, oração de mulheres durante o culto e salmodia exclusiva) com primor e didática para todos entenderem as questões ali colocadas e suas consequências na vida da igreja. No entanto é preciso tratar o básico da questão litúrgica da IPB, ensinar a todos o que é liturgia, o que é o culto, especialmente aos jovens que fazem parte da equipe que auxilia na condução do culto. Precisamos entender que liturgia é um serviço, nosso serviço como comunidade. Portanto liturgia não é uma parte do culto, mas é o culto. Culto este que TODOS devem prestar a Deus, não apenas os pastores ou os músicos, mas toda a assembleia ali reunida. Precisamos entender que o culto público se distingue do culto que é a nossa vida e do culto familiar. O culto em assembleia é diferente desses outros cultos, sendo resultado desses. No culto público somos enviados ao mundo para viver os outros dois, os quais nos levam de volta ao culto público. É um sistema de culto cíclico, no qual vamos à assembleia responder a Deus com louvor e adoração por tudo o que Ele tem feito por nós. Ao final deste, somos enviados para viver de maneira que agrade a Deus sendo suas testemunhas (culto pessoal, vida), e como ministros de nossos lares, ensinar nossa família a adorar a Deus, especialmente os filhos (culto familiar).
Depois de tomarmos essa breve consciência sobre o que é liturgia, precisamos dar o próximo passo, os modelos litúrgicos. Na Bíblia não encontraremos nenhum, mas encontramos nela os elementos de culto, a saber: oração, leitura da palavra, música e sacramentos. A partir destes elementos básicos para que uma reunião seja considerada um culto público, os cristãos desenvolveram modelos litúrgicos de adoração a Deus. Um dos mais antigos é o que divide o serviço de culto em duas partes: A liturgia dos catecúmenos e a liturgia dos fies. Na primeira há espaço para os seguintes atos: acolhida, confissão, penitência/contrição, absolvição e exposição da palavra, leitura de textos do Antigo e Novo Testamentos, com o objetivo de mostrar a harmonia da Palavra de Deus. Entre esses atos litúrgicos há cânticos apropriados. Depois, na chamada liturgia dos fiéis, há a ministração dos sacramentos, principalmente a Ceia do Senhor, após esta o povo de Deus é enviado a ser testemunha de Cristo na terra, vivendo para glorificar a Deus. Esse modelo litúrgico permaneceu na Igreja Cristã por séculos, claro que elementos estranhos foram adicionados, no entanto a estrutura básica do culto permaneceu a mesma. Na reforma, os homens iluminados por Deus, ao longo do processo reformador, foram retirando os elementos estranhos e retornando a um modelo simplificado como o da Igreja Primitiva. É bem verdade que não deixaram para nós “o modelo perfeito”, reconhecendo, como João Calvino, que precisávamos desenvolver esse modelo, já que a época de suas vidas foram breves demais para tratar de todas as demandas levantadas durante o século XVI. É verdade também que as várias famílias protestantes tomaram rumos distintos quanto aos ritos de adoração. No entanto a visão de ruptura com os modelos litúrgicos toma forma com a reforma, primeiro com os adeptos da “reforma radical”, e depois com os separatistas da Igreja da Inglaterra (batistas e congregacionais). Com os avivamentos ocorridos nos EUA e o surgimento do pentecostalismo, chegamos ao estado de hoje, falando de forma brevíssima. A idéia de informalidade, que está ligada à pós-modernidade, e a ênfase nos sentimentos e na música, são alguns dos motivos que nos levaram ao estado atual. A falta de ensino acerca da liturgia é o fator pelo qual grupos tradicionais passaram a adotar práticas carismáticas e pentecostais em seus serviços de culto, pois por mais que sejam atraentes, são distintos da história litúrgica e da racionalidade e espiritualidade verídica presentes na liturgia cristã. A ordem racional de chamar o homem ao arrependimento, doutriná-lo através da palavra e chamá-lo a partilhar o Corpo de Cristo, sendo dele testemunha na Terra, é abandonada no sistema de culto centralizado nas emoções humanas. Neste culto antropocêntrico, nasce o “momento de louvor”,               que se tornou o centro destas celebrações. Os cânticos entoados já não levam mais em conta o momento em que estão sendo entoados, mas vêm em bloco, como a “hora da alegria”. Muitas vezes não há chamada ao arrependimento, e o tempo destinado à Palavra é diminuído.
Certo, me estendi muito e nem todos estão nesta situação, mas só o fato da falta de identidade cúltica numa igreja confessional é de nos deixar alerta. Algumas coisas chamam a minha atenção além da falta de compreensão litúrgica e doutrinária. O tal “momento de louvor” tomou conta de muitas congregações. Neste momento não se dá muita atenção à temática do culto ou a sua progressão. Às vezes se escolhem músicas por sua “musicalidade”, seu ritmo; alguns preferem mesclar, ora as animadas, ora as mais tranquilas, ora as “espirituais” (não deveriam ser todas?), ora os hinos tradicionais (dos quais se conhecem poucos, e por isso são sempre os mesmos), etc. Além de ser uma incoerência com a confessionalidade da igreja, é também uma incoerência bíblica, por não valorizar os aspectos racionais e espirituais-verídicos do culto a Deus, e a riqueza da música de adoração, na qual temos salmos, hinos e cânticos, dando-se preferência a uma categoria e desvalorizando a outra. Como a questão musical se tornou tão evidente nessa questão litúrgica da IPB, falarei agora deste assunto.
Salmos – Enquanto há os que defendem a salmodia exclusiva (baseando-se na tradição reformada/puritana de adoração), e esforçam-se a traduzir ou metrificar um Saltério Brasileiro, a maioria dos membros da IPB desconhece por completo o canto metrificado dos salmos, característica das Igrejas Reformadas. De todos os 400 hinos de nosso Hinário Novo Cântico, apenas DOIS, isso mesmo, 2 hinos são salmos genebrinos (Sl 5-122 e Sl 42-118), além de 13 outros que são salmos metrificados ou baseados em salmos (Sl 1-175; Sl 19-022; Sl 23-142/143/151; Sl 32-77; Sl 51-76; Sl 103-29; Sl 121-139; Sl 133-182; Sl 136-34; Sl 139-152; Sl 147.17-18-001). Não defendo a salmodia exclusiva, pois ela também é incoerente com o Novo Testamento que menciona os “hinos, salmos e cânticos espirituais”, no entanto defendo o canto metrificado dos salmos durante o culto, pois na liturgia cristã tradicional, durante a liturgia da palavra, é lida uma passagem do Antigo Testamento, após esta SE CANTA um salmo, depois se lê uma passagem do Novo Testamento, que é chamada “segunda leitura”, já que salmos são músicas e devem ser CANTADOS. Depois dessa leitura é proclamado o Evangelho, a palavra da salvação. A importância dos salmos cantados na igreja é necessária, pois o livro de Salmos, o Saltério, é antes de tudo o nosso padrão de hinário. Quando não cantamos os salmos, estamos descaracterizando o Saltério Divino, que traz músicas em suas páginas e não textos históricos, ou prosas ou profecias, mas poesias feitas para serem cantadas. Na liturgia cristã histórica há espaço para eles. No entanto é preciso haver um esforço denominacional para produzir um saltério em português, que trouxesse melodias genebrinas, características da tradição reformada e também brasileiras.
Hinos – Nosso tardio Hinário Novo Cântico, que somente tomou forma em 1981, antes dele era comum o uso do Hinário Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico do Brasil e o Hinário Evangélico, organizado pela extinta Confederação Evangélica do Brasil – CEB, que se tornou o hinário oficial dos metodistas, principais entusiastas desse cancioneiro, entre outros como o Cantor Cristão, etc.
A data tardia da organização de nosso hinário explica por que ele é tão desconhecido por nós mesmos. Mesmo em comunidades que cantam exclusivamente hinos, o HNC não é utilizado em sua totalidade, pois isso requer que a igreja tenha um modelo litúrgico o mais próximo da liturgia cristã tradicional e use o calendário litúrgico, elemento bem raro entre os protestantes brasileiros, que explica a falta de familiaridade com a liturgia cristã histórica e com festas importantes da igreja, como a de Pentecostes e a da Ascensão. Assim, mesmo nas igrejas que utilizam o hinário, são cantados basicamente os mesmos hinos e não todos os hinos. Nosso hinário traz preciosidades cristãs como o hino n° 020, uma versão do Te Deum, o n° 005, o Gloria Patri, o n° 006, a mais famosa melodia dos salmos metrificados de genebra (porém não com a letra do salmo 134), melodia conhecida como “Old 100th”, entre outros. Muitas das letras são antiquíssimas, algumas do século II e muitas melodias são obras primas da música de toda a humanidade, tanto de compositores internacionais como de nacionais. Além da falta de familiaridade com o HNC, há a crescente rejeição por parte dos jovens dos hinos tradicionais, que caracterizaram os protestantes desde os primórdios, pois devolveram ao povo o papel de cantar durante os cultos a Deus. Essa rejeição por parte dos jovens se dá pela entrada da música contemporânea na igreja, pelo “movimento gospel” e alguns posicionamentos extremos por parte de alguns como “hinos só devem ser tocados no piano”. Esses fatores têm levado os jovens cada vez mais longe do HNC, restringindo o conhecimento deles ao “Hino da Mocidade”. Não se trata apenas de conhecimento, mas nas reuniões e cultos realizados pelos jovens não há a presença de hinos, exceto o hino já citado acima. A falta de doutrinação nesse caso impede os jovens de reconhecerem a riqueza e confessionalidade do HNC, pois se concentram apenas nas melodias atípicas ao nosso tempo, deixando de lado sua utilidade e apropriação para cada ato litúrgico e data cristã que a igreja deveria celebrar.
Cânticos Contemporâneos – Cada vez mais presentes na liturgia das igrejas presbiterianas, os cânticos trazem boas e péssimas contribuições aos cultos da IPB. Muitos deles, especialmente os oriundos do “movimento gospel” trazem consigo conceitos e doutrinas estranhas ao ensino bíblico e à fé reformada. Às vezes uma igreja ensina seus membros corretamente durante a Escola Bíblica, sermão e estudos bíblicos, mas, muitas vezes sem perceber, pela falta de conhecimento litúrgico, acabam cantando coisas totalmente contrárias aos seus ensinamentos. A inclusão dos cânticos contemporâneos na liturgia da IPB é válida desde que sejam adequados às doutrinas da igreja. São bem-vindos, pois trazem novidade de todo o som que Deus inspirou o homem a criar, no entanto precisam se enquadrar corretamente na liturgia, que precisa ser mais concisa ao padrão reformado, rejeitando o “momento de louvor” que a inclusão dos cânticos criaram e voltando ao padrão racional da liturgia cristã (arrependimento, confissão, perdão, adoração, doutrinação, comunhão, envio). Assim, todo cântico contemporâneo, com discernimento e sabedoria, tem espaço na liturgia cristã histórica. Devem eles se encaixar nos atos litúrgicos e não roubar a cena como o centro do culto.
Após tratar da questão musical, falarei agora sobre o calendário litúrgico e o lecionário e a ausência de um manual litúrgico como, por exemplo, o Livro Comum de Oração, da tradição anglicana. Há é claro o Manual para o Culto Público, mas falta a ele explicação doutrinária de cada ato litúrgico proposto. Precisamos de um material altamente instrutivo, não apenas para os ministros, mas também para seus ajudantes músicos e toda comunidade. Neste ponto é importante deixar claro que os regionalismos devem ser respeitados e mantidos, no entanto um “esqueleto” comum de liturgia poderia ser utilizado por todos. Pelo menos aos que desejam uma orientação e não encontram um material denominacional apropriado.
O Calendário Litúrgico – Precioso manual de culto, leva a igreja a adorar a Deus pela vida de Cristo, revivendo cada momento, tirando de cada etapa uma lição preciosa para o Corpo de Jesus, a Igreja que é chamada a viver como Ele. Se bem utilizado produz vida à Igreja, quando não, engessa o culto, como argumentam alguns. O problema não está no calendário litúrgico, mas na falta de doutrina litúrgica quanto a seu uso. Advento, Natal, Epifania, Transfiguração, Quaresma, Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Missão da Igreja e Segunda Vinda. Esses são os temas do calendário cristão, uma forma de a Igreja contar os dias a partir da vida de Cristo, que não vive sob as datas comemorativas desse tempo apenas, mas celebra e busca viver como Jesus viveu.  Cada domingo reserva-nos uma lição preciosa, cada domingo avança para cada festa maior, assim não nos deparamos com “nossa! Semana que vêm é páscoa!”, mas somos levados a ela, preparando-nos para desfrutar de cada ensino. Durante o chamado “Tempo Comum” (dividido entre o Natal e a Quaresma e entre o Pentecostes e o Advento), o pastor tem maior liberdade para tratar de outros assuntos relacionados à vida da igreja.
A falta de familiaridade dos protestantes brasileiros com o calendário litúrgico é mais uma porta para que os ensinos e práticas estranhas à nossa tradição reformada adentrem a igreja.
Lecionário – Um livro de leituras bíblicas para cada domingo do calendário cristão que visa harmonizar a Palavra de Deus, trazendo quatro passagens bíblicas que tratam do mesmo assunto. Geralmente uma do AT, outra do NT, entre as duas um salmo ou cântico bíblico para ser cantado e por fim uma passagem do Evangelho, que é a palavra da salvação. O Lecionário, se não para guiar os sermões, deveria no mínimo ser utilizado para doutrinar a igreja e direcionar a liturgia. É fundamental para a escolha coerente do que deve ser cantado e quando. Utilizando-o é possível conhecer o hinário por completo e também cantar os salmos durante o culto, bem como adequar os cânticos aos atos e ocasiões propícias.
Manual de Culto – Um bom Manual de Culto, que visasse a doutrinação litúrgica de toda a IPB, seria fundamental para direcionarmos nossa denominação a um caminho mais confessional e de acordo com a tradição reformada. Seria importante que esse manual explicasse cada ato litúrgico proposto como num catecismo, e que mostrasse que é possível mesclar hinos, cânticos contemporâneos e salmos, num modelo de culto cristão histórico e atual, aplicável as várias realidades dos presbiterianos brasileiros, respeitando os regionalismos e a tradição reformada. Creio que este é um bom caminho para trabalhar esse desafio.
Preciosidades Perdidas – A falta de familiaridade com esses elementos, fez com que os cultos protestantes no Brasil perdessem preciosidades como a Oração Dominical, feita por toda a igreja, e a profissão de Fé utilizando-se dos Credos Apostólico, Niceno-Constantinopolitano e mais raramente, no domingo de Pentecostes, o Atanasiano. Além dos salmos metrificados já citados nesta exposição.
Todo o assunto foi abordado de maneira breve, no entanto acredito que para resolver a questão litúrgica da IPB é necessário um trabalho de conscientização litúrgica e doutrinária acerca do culto, que ultrapasse a questão das práticas, indo desde as raízes da liturgia até as práticas que foram absorvidas dos carismáticos e pentecostais. Creio que deveria haver um programa de rádio ou blog, canal no YouTube, etc. para tratar da liturgia dominical, dando instruções àqueles que participarão da condução do culto. Dever-se-ia investir na criação de materiais didáticos e profundos sobre a questão, que sirvam para os leigos e oficiais, um trabalho que alcance os seminários e escolas bíblicas e seja capaz de, ao menos, doutrinar-nos acerca desse tema, que pode parecer grego para muitos dos membros da IPB.

William de Almeida Santos,

Leigo, 21 anos, estudante de Comunicação, professor de EBD numa Congregação Presbiteriana em São Paulo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Feliz Aniversário Igreja Presbiteriana do Brasil!

Hoje a obra presbiteriana no Brasil completa 154 anos proclamando o evangelho da graça de Deus! Nascida da obra do Senhor Jesus, que em 12 de agosto 1859 enviou o rev. Ashbel Green Simontom, norte-americano que sonhava em pastorear uma igreja com 800 membros no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, viu apenas uma pequena igreja nesta mesma cidade onde aportou com tantos sonhos e com muita fé no Senhor. Além da igreja no Rio, também viu nascer uma igreja na cidade de São Paulo, outra na cidade de Brotas e outra na cidade de Lorena. Ordenou o primeiro pastor nacional, o rev. José Manuel da Conceição, ex-clérigo católico-romano, organizou um pequeno seminário, fundou o primeiro jornal protestante do Brasil, o 'Imprensa Evangélica' e organizou o primeiro presbitério da igreja brasileira. Simonton não viu as belíssimas igrejas que temos hoje, não conheceu as inúmeras instituições e missões da Igreja Presbiteriana do Brasil e os frutos da obra presbiteriana em solo nacional, mas trabalhou pelo evangelho de Jesus, o Evangelho da Graça, que transforma vidas, indivíduos, famílias, ambientes, cidades e países. 

Durante todos esses anos 154 anos a obra se expandiu por todo o território nacional, muitas foram as mãos que trabalharam nessa igreja, algumas notáveis, outras desconhecidas por nós. Muitos foram os percalços e alegrias, muitos foram atingidos pelo evangelho da salvação e puderam desfrutar das dádivas de Deus. Ao lado de todos os cristãos pertencentes ao Corpo universal de Cristo, a IPB se soma a eles como peregrina nesta terra, anunciando o Reino de Deus por onde quer que esteja presente! 

Que Deus abençoe essa caminhada como já o fez por mais de um século e meio, e que muitas vidas sejam ainda restauradas pelo poder do Espírito Santo de Deus, que age através da Palavra da Salvação. Que Ele ilumine os passos de seu rebanho para que sigam no caminho da luz, superando os desafios presentes e gerando frutos que perdurem até a vinda gloriosa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Amém.

Feliz aniversário a todos nós!

#154anos #eufaçopartedessahistoria 

Mensagem do Dia dos Pais

No início do ano, durante o Dia do Jovem Presbiteriano, assisti a uma palestra do Rev. Augustos Nicidemos Lopes, onde ele falou sobre o papel do homem na sociedade, em sua casa e na Igreja. Um dos trechos que mais me chamou atenção foi quando ele expôs o texto do capítulo 6, versos 1-4, da Epístola aos Efésios:


6.1   Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo.


6.2   Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa),


6.3   para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.


6.4   E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.


Segundo o rev. no texto original grego, a primeira menção aos "pais" está se referindo ao casal de pais, homem e mulher, a quem os filhos devem obediência. Na segunda vez que a palavra aparece, ela não está se referindo mais ao casal de pais, que no original é uma palavra diferente da primeira, mas sim aos homens somente, cujo papel deve ser o de criar, disciplinar e admoestar seus filhos no caminho do Senhor. O reverendo chamou a atenção dos presentes para o fato de nos dias atuais muitos pais delegarem totalmente o papel de criar, admoestar e disciplinar para as mães. É comum ouvirmos a frase: "Não vai falar/disciplinar/ensinar o seu filho não mulher?".Como se o filho fosse apenas da mulher! Além de se ausentar de seu papel como marido, o homem também se ausenta de seu papel como pai, que deve ensinar, corrigir e admoestar. 

A ausência de figuras masculinas na vida de uma criança pode ser tamanha, que mesmo tendo um pai em casa, ela pode crescer sem referência quando este abre mão de seu papel, o qual o apóstolo deu tanta ênfase. Muitas crianças, pela ausência dos pais no processo educacional, crescem apenas com a referencia feminina da mãe; ao irem para a escola, se deparam geralmente com a presença de uma professora; na igreja a maioria das salas de escola bíblica são comandadas por mulheres, sendo o seu contato distante com o pastor e os presbíteros da igreja; no trabalho muitas terão uma chefe e até a Presidente do país é uma mulher. Nada contra a presidente ou contra as mulheres, mas os homens precisam ter representatividade na vida de seus filhos, primeiramente porque é bíblico e segundo por que é saudável uma criança crescer com referências tanto femininas quanto masculinas. 

Além disso os homens são companheiros de suas esposas e devem ajudá-las em todos os problemas e desafios que surgirem na vida, pois foi esse o juramento que fez diante de Deus e de todas as testemunhas no ato do casamento. Também é isso que promete a Deus e à Igreja quando leva seus filhos para serem batizados. Juramentos são coisas seríssimas, e a palavra nos adverte quanto a eles (Ec 5.1-7), pois tanto as palavras do casamento quanto as do batismo, são juramentos feitos diante de Deus. Não são ou não devem ser, palavras jogadas ao vento ou uma mera formalidade ou tradição, mas sim ser genuínos votos que devem ser cumpridos cabalmente no dia a dia da vida familiar. 

O papel do homem como cabeça de sua casa é maravilhoso, quando Deus concede a bênção de serem pais é mais belo ainda! No entanto os homens precisam cumprir com alegria as missões que Deus lhes deu. Ser pai não é fácil, mas delegar esse papel para as mães que já sofrem tanto é uma crueldade e falta de zelo com tudo o que Deus nos deu. 

Peça sabedoria a Deus, pois ele iluminará a você pai que não tem cumprido o seu papel! Se pedires, Ele dará, pois tem prazer em nos capacitar a cumprir suas missões, pois a glória gerada por elas é exclusivamente para Ele. Feliz dia dos pais! (atrasado, mas em tempo) Que o Senhor os encha de alegria e amor a este serviço precioso.

William de Almeida Santos

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Média-metragem "O Diário de Simonton"

Evocação lírica de passagens do diário de Ashbel Green Simonton que, em 1859, aportou no Brasil com o propósito de dividir sua fé em meio a angústias, dúvidas e a nostalgia pela unidade perdida, lançando as bases do presbiterianismo no país.


O Diário de Simonton (média metragem) from Alziro Barbosa on Vimeo.

Brasil / 2009 / Cor / 27 min
PRODUÇÃO
Direção: Jader Gudin e Joel Yamaji.
Produção: Fábio Almeida.
Roteiro original: Joel Yamaji.
Elenco: Sérgio guize, Guta Ruiz, Débora Lobo, Daniela Smith, Dionísio Neto, Wagner de Miranda e Germano Pereira.
Gênero: Drama.
Idioma original: Português
Música: Flávio Régis
Direção de arte: Renata Rugai
Direção de fotografia: Alziro Barbosa.
Realização: Celsino Gama / LPC Comunicações.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

05 de Agosto - Dia do Presbítero

Nesta data a IPB comemora oficialmente o dia do presbítero, função tão importante na vida da igreja, que requer vocação, dedicação e amor à obra do Reino de Deus. Como a data varia a cada ano, convencionou-se comemorá-la no 1° domingo de agosto.

Em nossa Congregação não há presbíteros regentes ordenados, apenas o pastor da igreja-mãe, que é o presbítero docente. No entanto estamos preparando os futuros candidatos a essa função, a de presbítero regente, a vê-la como mais do que servir a ceia ou sentar-se ao lado do pastor no culto. O ofício de presbítero regente precisa ser encarado como um ministério pastoral, em que os mesmos devem cuidar da igreja e auxiliar o pastor naquilo que ele precisar.

O Manual Presbiteriano, em seu capítulo IV, seção 3aart.51 define as funções dos presbíteros regentes, que são os representantes imediatos do povo, eleitos para exercer o governo, disciplina e zelar pelos interesses da Igreja:

a) levar ao conhecimento do Conselho as faltas que não puder
corrigir por meio de admoestações particulares;
b) auxiliar o pastor no trabalho de visitas;
c) instruir os neófitos, consolar os aflitos e cuidar da infância
e da juventude;
d) orar com os crentes e por eles;
e) informar o pastor dos casos de doenças e aflições;
f) distribuir os elementos da Santa Ceia;
g) tomar parte na ordenação de ministros e oficiais;
h) representar o Conselho no Presbitério, este no Sínodo e

no Supremo Concílio.

No entanto a maioria dessas funções tem sido deixadas de lado em muitas comunidades presbiterianas, o que faz mal ao povo e descaracteriza a igreja, que recebeu esse nome em função de sua forma de governo eclesiástico.

Orar, visitar, doutrinar e acolher são funções destinadas aos presbíteros como definiu o Manual Presbiteriano, mas elas precisam ser colocadas como prioritárias no ofício do presbiterato. Talvez por conta da herança episcopal e do individualismo da sociedade brasileira, muitos ordenados para esta função deixam todas estas atividades para serem feitas pelo pastor, esquecendo-se do conciliarismo da IPB e de sua função como auxiliadores do ministro do evangelho em seu ministério pastoral.

Em muitas igrejas o número de presbíteros regentes cresceu, mas o serviço, em muitos casos, não acompanhou esse número. Esse relação numérico-efetiva, a meu ver, está relacionada a falta de vocação de muitos que tem sido ordenados para este estimado serviço. Muitos presbíteros não estão aptos a ensinar e muitos não mantém relações pastorais com a igreja. As vezes a ausência pode ser tanta, que a única referência masculina da igreja, no que diz respeito ao ensino, é a do pastor e isso acontece com mais frequência entre as salas mais básicas da escola bíblica, onde em muitos casos existem apenas professoras, reservando-se os presbíteros dessa função.

Outro fator que pode estar ligado a falta de serviço é a ausência do preparo desses candidatos, pois não deveriam ser apenas avaliados quanto ao saber, mas também quanto ao servir, especialmente, servir a comunidade de forma pastoral, orando pelo povo, instruindo e visitando.

Na IPB o pastor não toma as decisões sozinho, conta para isso com o conselho de presbíteros, sendo ele apenas presidente deste enquanto servir esta comunidade. O presbítero regente por sua vez é membro da igreja e, uma vez ordenado, provavelmente servirá à igreja mais tempo do que o presbítero docente, isto é, o pastor, que por vezes pode ter uma passagem rápida pela igreja. Assim como o pastor não toma as decisões sozinho, ele também não serve à igreja sozinho, tem ao seu lado todo o conselho, que deve auxiliá-lo a pastorear a igreja local.

O serviço de presbítero regente é demais precioso para uma comunidade, deve ser levado a sério e ser feito com amor e dedicação, assim como o nosso Bom-Pastor nos ensina. Felizes são as comunidades que contam com presbíteros servos, comprometidos com a vida dos neófitos, crianças e jovens, que oram por e com os irmãos, e auxiliam o pastor em suas visitações aos enfermos e atribulados.

Vale sempre ressaltar que o presbiterato não deve ser um degrau para o pastorado ou qualquer outra função, mas requer vocação e preparo exclusivo.

Você presbítero, saiba que é muito importante para a igreja local, pois é representante desta não apenas no conselho local, mas também no presbitério e demais instâncias. Seu trabalho deve somar forças ao do pastor. Assim o rebanho de Cristo é bem cuidado e cresce sob os cuidados de pastores que obedecem ao Bom-Pastor, Jesus Cristo o Cabeça da Igreja.

Feliz dia do Presbítero!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Agosto - Mês do Presbiterianismo Nacional, Mês das Missões


Em 12 de Agosto de 1859 aportava no Brasil o Rev. Ashbel Green Simonton, dando início à missão que traria o presbiterianismo ao Brasil. Hoje esse ramo do cristianismo reformado conta com 1 milhão de membros, sendo metade deles da Igreja Presbiteriana do Brasil. Por esta razão, no dia 12 de agosto é comemorado oficialmente pela IPB o dia do Presbiterianismo Nacional e dia das Missões. Em nossa congregação estendemos essas comemorações para todo o mês de Agosto, prática comum em muitas comunidades presbiterianas. 

A Igreja que nasceu de uma missão não se esqueceu de suas raízes! Tornou-se plantadora de igrejas, levando luz para aqueles que viviam em trevas, em solo nacional e internacional, cumprindo sua missão como Corpo de Cristo e sal da Terra. 

Durante esse mês seremos chamados a voltar nossos olhos para as atividades missionárias desenvolvidas pela IPB. Seremos desafiados a viver uma vida em missão, como embaixadores do céus, trabalhando para o Reino onde quer que estivermos. 

Prepare-se para orar, conhecer e contribuir com a obra missionária da IPB! Que Deus nos ilumine.

Saiba mais sobre missões mantidas pela IPB:

Agência Presbiteriana de Missões Transculturais - APMT

quinta-feira, 11 de julho de 2013

10 de Julho - Dia do Diácono; o Diaconato e a Ação Social

O papel do diácono na vida da igreja é essencial para o ministério da pregação da Palavra. Para que uma igreja seja bem alimentada espiritualmente é preciso que o pastor tenha tempo suficiente para se dedicar exclusivamente ao ensino das escrituras, mas para que isso ocorra é necessário a figura dos diáconos, homens preparados para servir a igreja de uma forma diferente daqueles que ministram a Palavra e os sacramentos, servindo-a socialmente.

Em Atos 6.1-7, quando nos é narrado a instituição dos diáconos na vida da igreja, vemos a necessidade de pessoas atentas aos cuidados básicos da vida da igreja primitiva, no caso, a distribuição diária dos alimentos, que eram divididos na comunidade de Jerusalém. Mais adiante, em I Timóteo 3.8-10, vemos os requisitos necessários para aqueles que desejam servir à igreja como diácono.

3.8   Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância,

3.9   conservando o mistério da fé com a consciência limpa.

3.10   Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato.


A função do diácono e da junta diaconal é servir a igreja de acordo com suas necessidades básicas. O Manual Presbiteriano, em seu artigo 53, do capítulo IV diz o seguinte sobre as funções a que os diáconos devem se dedicar:

a) à arrecadação de ofertas para fins piedosos;
b) ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos;
c) à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados
ao serviço divino;
d) exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa
de Deus e suas dependências.

Após essa exposição escriturística e confessional, é necessário avaliarmos como está sendo exercida a função dos diáconos em nossas comunidades? Se uma igreja vai bem é porque tem sido instruída na Palavra de Deus e tem sido atendida pelos diáconos. Se há problemas na vida da igreja, é preciso avaliarmos se a falta de instrução na Palavra, não se deve ao fato de o Ministro do Evangelho estar desempenhado muitas funções que deveriam ser exercidas pelos diáconos da igreja. 

O serviço do diácono é importantíssimo para o funcionamento do culto e a vida em comunidade da igreja. É preciso que estejamos atentos aos pobres e necessitados. Uma junta diaconal forte, pode impedir por exemplo, que muitos passem necessidade sem serem percebidos pela igreja. Fomos reunidos num único Corpo para darmos assistência uns aos outros, suportando-nos e levando as cargas uns dos outros, portanto a necessidade de um irmão deve ser a de todos, pois é o Corpo que passa por necessidades. Essa preocupação social também pode fazer diferença na vida de um descrente, pois a igreja,  por meio de sua junta diaconal, pode direcionar uma arrecadação de ofertas que visem ajudar uma pessoa que passa por necessidades, mostrando ao mundo que a igreja não é uma instituição que engana as massas para enriquecer, mas que o dinheiro arrecadado na igreja é para ser usado na obra de Deus, e fazer o bem é obra de Deus. João Calvino, instituiu um corpo de diáconos para atender aos pobres e necessitados sob orientação do Consistório de Genebra. Ações como essa são importantes na vida da igreja atual.

Vale lembrar que o diaconato não é o primeiro degrau para a "hierarquia eclesiástica", mas um ministério que exige vocação própria para esse serviço e amor às obras sociais que fazem parte da vida da igreja. Que Deus abençoe nossos diáconos e que eles sirvam a igreja conscientes da importância de seu trabalho para o povo e o ministro da Palavra. Que nossos diáconos se espelhem em Estêvão, diácono exemplar e mártir da Igreja e também em Filipe, o diácono que evangelizou o eunuco etíope.  

William de Almeida Santos

10 de Julho, dia do diácono, data oficial do calendário da IPB.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Que é Liturgia?

É cada vez mais necessário que tenhamos pleno conhecimento intelectual e eficaz, que nos leve a agir, sobre o que significa liturgia. Você sabe? Se sabe, como tem sido a sua liturgia?

- Significado

O vocábulo "Liturgia",  (do grego λειτουργία, "serviço" ou "trabalho público"), no idioma original formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público.
Na chamada Bíblia dos Setenta (LXX), a Septuaginta, tradução grega da Bíblia, o vocábulo "liturgia" é utilizado para designar somente os ofícios religiosos realizados pelos sacerdotes levíticos no Templo de Jerusalém. No princípio, a palavra não era utilizada para designar as celebrações dos cristãos, que entendiam que Cristo inaugurara um tempo inteiramente distinto do culto do templo. Mais tarde, o vocábulo foi adaptado, com um sentido cristão.


Serviço de culto com Batismo e profissão de Fé, 2012.
Como visto acima, liturgia é o serviço de culto que prestamos ao nosso Deus Uno e Trino. Então não confunda "liturgia" com "programa litúrgico", que podem variar desde os modelos tradicionais aos extemporâneos, que argumentam não serem modelos litúrgicos, no entanto querem dizer que não possuem "programas litúrgicos", pois toda assembleia que se reúna para adorar a Deus presta a Ele uma liturgia, um serviço de adoração em resposta as suas infinitas bênçãos, da qual a maior é a Salvação. Assim a liturgia não se restringe ao programa litúrgico da comunidade local ou de determinada denominação, mas é o culto em si, o culto ofertado a Deus pela congregação dos separados para Ele, por Ele, pois toda a glória deve ser dada ao nosso Deus, como era no princípio, hoje e para sempre. Amém.

Agora, se você não sabia, já sabe! Liturgia é o culto que você presta a Deus, não se restringe ao programa liturgico, nem a leitura inicial da palavra, como muitos confundiam em nossa congregação, ela é todo o culto. Então, já que definimos o conceito de liturgia, vamos aos programas litúrgicos. 

- Programas (Modelos, Ritos, etc) Litúrgicos.

Não há modelo estrito de culto cristão na Bíblia, principalmente se comparado ao culto do Antigo
Testamento, onde as celebrações são muito bem prescritas no Pentateuco, mas encontramos elementos comuns ao culto cristão na Palavra do Senhor, como a oração, leitura bíblica, canto e o partir do pão. Assim um culto cristão se caracteriza por esses elementos, que devem ser preservados e valorizados. Não há como chamar de culto cristão uma reunião onde não é feita leitura da palavra, pois é o momento em que Deus fala conosco. Também devemos valorizar o partir do pão, pois é o anúncio da volta de Cristo e nosso alimento espiritual de seu corpo e sangue. No culto cristão também deve haver orações e das mais variadas, em favor do culto, de intercessão, de contrição, de iluminação, de gratidão. Aqui há um ponto de muita dificuldade para os irmãos em geral, pois muitos não se atém ao momento e propósito da oração e acabam por fazer uma reza de sempre ou a orar por tudo, menos a intenção colocada pelo ministro ou programa litúrgico, o culto precisa ser racional, e essa é minha preocupação em escrever sobre liturgia, que todos entendam o que se passa em cada momento do culto.

Por mais que se diga que determinada comunidade não possui um modelo litúrgico a ser seguido, o culto cristão, mesmo os mais livres no que diz respeito aos atos do culto, possuem uma ordem natural a ser seguida. Muitos iniciam com uma oração passam por um texto, cântico, sermão etc. Essa ordem mesmo não predefinida, por hábito, acaba se tornando um programa litúrgico. Particularmente prefiro os modelos litúrgicos predefinidos, porque neles há espaço para a confissão, gratidão, proclamação da palavra do Senhor, ofertório, declaração de fé, intercessão, sermão, louvor, etc. No entanto, mais importante que os atos litúrgicos, é a consciência que se deve ter deles. É preciso que todos entendam o porquê de estarmos fazendo tal oração ou cantando tal música. É claro que é para adorar ao Senhor, mas é oração de gratidão? É pelos enfermos? Essa música está no contexto do momento e do ato ou simplesmente está ali porque tem um ritmo legal ou uma letra conhecida? Como diz a palavra do Senhor, nosso culto deve ser racional, prestado em Espírito e em Verdade. (Rm 12.1 e Jo 4.24).

Seja o modelo litúrgico predefinido (o qual considero mais catequético, isto é, doutrinador) ou mais livre, o importante é a racionalidade, espiritualidade e verdade com que cada ato do culto é prestado a Deus. O povo, que presta o serviço a Ele, deve ter plena consciência do que canta, pede, confessa e faz durante a celebração. Se você não compreende algum ato litúrgico procure imediatamente o pastor ou responsável pela liturgia e peça esclarecimento, pois você faz parte desse serviço. 

Ação

Compreender é essencial, colocar em prática é vida. Portanto estar consciente da liturgia de sua igreja e verdadeiramente em espírito durante o culto é imprescindível para que esse serviço seja prestado a Deus. Não podemos deixar que a ignorância tome conta de nossas igrejas, e que as pessoas continuem cantando sem compreender e participando do culto como expectadoras de um grande show, o culto público é responsabilidade de todos e requer que todos entendam o que se passa a cada momento litúrgico.

Nosso modelo atual para o Culto Dominical:

Descreverei agora cada momento da liturgia atual da nossa congregação com o objetivo de que todos entendam os porquês de cada momento.

LITURGIA DE ABERTURA - atos iniciais do culto a ser prestado ao Senhor.
Prelúdio (canto de introdução ou introito)
É uma chamada a adoração, a letra geralmente é uma doxologia (louvor) ou está ligada ao tema do culto. 

Saudação e Avisos
Momento de o oficiante cumprimentar a congregação, os visitantes e dar os avisos, para informação das atividades semanais e de interesse da vida da igreja.

Liturgia da Palavra
É composta por uma leitura, geralmente breve. Tem por objetivo introduzir a igreja ao louvor ou a ensinar uma breve lição, que pode ou não estar ligada ao tema do sermão ou do calendário cristão.

LITURGIA DE ADORAÇÃO - momento de adoração e louvor.
Ato de Contrição
Um momento dedicado a uma oração confissão de pecados e arrependimento para prestarmos culto sincero a Deus, também inclui um cântico com temática de contrição, perdão e absolvição.

Ofertório
Embora na liturgia cristã clássica não se restrinja ao dízimo, é o momento que dedicamos a entrega das ofertas e dízimos, também inclui uma canção com temática de gratidão e entrega e é complementado por uma oração diaconal de agradecimento pelas providências de Deus. Cremos que tudo vem do Senhor e do que é dele nós damos (1Cr 29.14).

Ato de Intercessão
Reservado às orações da igreja em favor de outros.

LITURGIA DA PALAVRA
Saída das crianças
Após um cântico de temática infantil, as crianças são convidadas a ir à frente da igreja e após uma oração pedindo para que a palavra ilumine seus corações, são enviadas para o Culto Infantil, momento de aprendizagem numa linguagem especificamente infantil.

Prédica
O famoso sermão ou pregação, sendo um sinônimo para ambos. É a voz de Deus falando com a congregação. É exposta a palavra do Senhor com leitura e explicação do texto lido.

LITURGIA DOS SACRAMENTOS (quando são ministrados)

Compreende o Batismo e a Ceia do Senhor. Também há Profissões de Fé, embora não seja um sacramento esta ligada ao batismo e a vida como igreja.

Batismo - é celebrado para todas as idades, na fórmula bíblica trinitária, por meio da aspersão de água feito por um ministro ordenado.

Ceia do Senhor - (Também intitulada como "liturgia da Comunhão") é celebrada todo 2° domingo de cada mês, por um ministro ordenado, onde recebemos espiritualmente o corpo e o sangue de Cristo por obra do Espírito Santo, sem transformação material ou memorialismo, mas como alimento espiritual e comunhão com Cristo e com os irmãos.

Profissão de Fé - (também intitulada como "liturgia da Confirmação) não se constitui num sacramento, mas é aplicável aos batizados na infância e membros já batizados oriundos de outras denominações. Geralmente é recitado o Credo e respondidas algumas perguntas feitas diante da congregação por um ministro ordenado.

LITURGIA DE DESPEDIDA

Abraço da Paz
Momento de confraternização e alegria, separado para que os irmãos se cumprimentem com a Paz do Senhor. Entoa-se um cântico.

Oração Final
Encerra o culto pedindo a proteção de Deus na volta para casa e pela semana que se inicia.

Bênção Apostólica
É dada quando um ministro encontra-se presente, visto que na Congregação não possuímos um ministro ordenado regularmente, mas somos instruídos por um seminarista.

Amém Tríplice ou Quádruplo
É cantado o amém, que assim seja, para a confirmação e encerramento de todos os atos do culto prestado em comunidade ao nosso Deus.

Também possuímos outros programas litúrgicos, no entanto serão abordados em outra oportunidade. Minha intenção ao escrever este artigo é chamar os irmãos a consciência que devemos ter desse maravilhoso serviço que prestamos ao único e verdadeiro Deus. Que seja racional, em Espírito e em verdade! Amém.

William de Almeida Santos